Funcionários da TV Correio paralisam atividades e são demitidos sumariamente
O prefeito de Curionópolis, Wenderson Chamon, o Chamonzinho, mostrou mais uma vez esta semana que ele representa, de fato, a incorporação da ditadura moderna, seja no ambiente público ou privado. Se na Prefeitura de seu município ninguém pode dar um “pio” que ele parte para retaliações, no conglomerado milionário de comunicação que montou no pouco tempo em que está à frente da Prefeitura {apenas oito anos} ocorre a mesma coisa.
Na terça-feira, dia 05 de Julho, nada menos que sete funcionários foram demitidos sumariamente na TV Correio, em Parauapebas. Isso porque os nobres trabalhadores estavam cansados de verem seus salários ficando atrasados por até sessenta dias nos últimos meses e não terem previsão de quando vão receber.
Na última segunda-feira, dia 04, os funcionários da TV CORREIO aqui de Parauapebas resolveram cruzar os braços e o jornal local {Fala Cidade} não foi exibido, ficando apenas uma mensagem no ar “Atenção: por motivos técnicos hoje não exibiremos o Fala Cidade. Retornaremos amanhã normalmente”.
Os funcionários não divulgaram nada em redes sociais, apenas comunicaram a direção da empresa que paralisariam as atividades naquele dia para alertar o patrãozinho sobre a necessidade de pagar seus salários. Eles revelam que em grupos de Whatsapp os funcionários de outras cidades onde o nobre prefeito tem veículos de comunicação os salários também estão atrasados e todos temem uma paralisação geral porque sabem das ameaças de demissão.
– Estava ficando uma coisa insustentável para nós e para eles. Alegam que não têm dinheiro para nos pagar e que nem mesmo há previsão para isso”, desabafa um dos sete demitidos hoje a mando do presidente do grupo.
Em uma curta trajetória, Chamonzinho arranjou dinheiro para montar um grupo de comunicação invejável que contempla rádios, televisões, jornal impresso (o mais tradicional de nossa região), gráfica, empresa de comunicação visual, sem contar que anda de avião e helicóptero para cima e para baixo.
Em Parauapebas, a TV Correio foi montada em um local privilegiado e os móveis de luxo também revelam o poder financeiro do prefeito de uma cidade pequena como Curionópolis. A pergunta é: de onde vem tanta grana? O uso dos para-brisas dos ônibus do transporte público em Parauapebas estão todos reservados para a inserção de peças do Grupo a peso de ouro.
O questionamento fica mais intrigante quando giramos o foco das lentes para a sede do grupo, a cidade de Marabá, a 160 km de Parauapebas, onde o prefeito-ostentação construiu um prédio luxuoso que abriga televisão, gráfica, uma rádio e o Jornal CORREIO, antigo Correio do Tocantins, que ele comprou de “porteira fechada”, com parque gráfico.
Ali, segundo conta a fonte, Chamozinho teria investido mais de 30 milhões de reais, entre compra do terreno de frente para a rodovia mais movimentada da cidade, instalação de equipamentos caríssimos, mobília de primeira e até apartamentos para os pilotos de suas aeronaves. Fui lá uma vez. É um prédio suntuoso, com portas automáticas, senhas eletrônicas em outras e um investimento pesado em vidros por todos os lados”, conta o informante.
A crise também bateu a porta das empresas de Marabá, onde os funcionários estariam sem receber há alguns meses e eles já ensaiam um movimento grevista para os próximos dias, mesmo com as retaliações que ocorreram aqui em Parauapebas. “A gente já procurou o Ministério do Trabalho porque achamos injusta essa demissão. Vão ter de pagar tudo agora, inclusive o FGTS, que não depositam faz tempo”, denuncia o mesmo funcionário demitido.
Em Curionópolis, a Rádio Liderança FM, de Chamonzinho, sofre os mesmos dilemas e os funcionários evitam se pronunciar sobre o assunto, com medo de demissão. Embora alguns sejam amigos, só falaram informalmente, pedindo reserva de seus nomes com medo de retaliações por parte de Chamonzinho. Disseram que passam por grande dificuldade financeira, com contas de cartões atrasadas, dívida no mercado onde atuam, sem contar a falta de alimentos e até dinheiro para ir trabalhar.
Chamonzinho ainda tem veículos de comunicação nas cidades de Canaã dos Carajás, Curionópolis e São Felix. É com ajuda deles que vai tentar eleger sua esposa a algum cargo público na eleição deste ano, além de manter o nome de seu pai, eleito deputado estadual em 2014, sob os holofotes da mídia que ele construiu em favor do próprio ego. Em Parauapebas, por exemplo, bate nos inimigos sem dó e afaga os amigos com notícias cheias de adjetivos positivos.
Quando foi candidato a prefeito, em 2008, Chamonzinho declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de apenas 385 mil reais, possuindo um veículo S 10 e uma casa residencial. Em 2012, na reeleição, seu patrimônio praticamente dobrou, com patrimônio de R$ 635 mil, envolvendo uma casa residencial avaliada em 400 mil reais, um terreno no valor de 30 mil reais, uma Hillux avaliada em 130 mil reais, uma Eco Sport estimada em 45 mil reais e uma Chana de 30 mil reais.
Ontem, 08, o Ministério Público do Trabalho esteve na sede do Grupo Correio de Comunicação, em Marabá, para fazer uma visita de cortesia e aproveitar o ensejo para verificar a documentação dos funcionários da empresa.