Vale pode vender 30% das operações de minério de ferro em Carajás
O Bank of America Merryl Lynch (BofAML) afirmou que a Vale pode tentar vender de 20% a 30% das operações de minério de ferro em Carajás, que têm valor potencial de até US$ 50 bilhões. A medida faria parte da estratégia da empresa de reduzir a dívida. Analistas disseram que também há possibilidade da mineradora negociar participação minoritária nos ativos de fertilizantes.
A mineradora brasileira registrou um prejuízo de R$ 44,2 bilhões em 2015, sendo cerca de R$ 33 bilhões somente no quarto trimestre. Foi a primeira perda anual desde que a empresa foi privatizada em 1997, segundo a Bloomberg.
“Nós vemos isso [redução da dívida] como um marco potencialmente positivo para o balanço da companhia, diminuindo o risco do patrimônio da empresa, apesar de que o tempo e a valorização são componentes primordiais para essa equação”, afirmaram analistas do BofAML, incluindo Thiago Lofrego, em nota para clientes.
O objetivo da Vale de diminuir a dívida de US$ 25 bilhões para US$ 15 bilhões acompanha medidas adotadas por outras grandes empresas, como Freeport McMoRan e Glencore. As empresas têm se esforçado para reduzir a dívida, evitando taxas de juros mais altas.
Os esforços da Vale nos últimos anos para reduzir a dívida foram afetados pelos investimentos de US$ 14 bilhões no projeto S11D, em Carajás, no Pará, que deve entrar em operação no segundo semestre deste ano. A companhia fechou acordo com credores para aumentar o limite da dívida bruta ao Ebitda ajustado de 4,5 para 5,5, segundo o relatório financeiro do quarto trimestre.
Os preços atuais do minério são cerca de 70% inferiores ao do pico de 2011. Nesta sexta-feira, o minério com 62% Fe para entrega no porto de Qingdao, na China, no prazo de oito semanas e na modalidade custo e frete (CFR) caiu para US$ 48,29 a tonelada, segundo índice da Metal Bulletin. Nesta semana, os preços ultrapassaram a barreira dos US$ 50 a tonelada pela primeira vez desde outubro do ano passado.
A perspectiva para os preços da commodity nos próximos anos é negativa, à medida que a demanda do setor siderúrgico chinês continua a enfraquecer, segundo David Wang, analista do Morningstar Investment Services. “O que nós realmente vemos pelo setor de mineração é corte de custos feito por todos. A Vale está, de certa forma, em uma situação especial porque seu novo projeto deve ser menor em termo de custo médio comparado à capacidade atual, o que ajudaria a diminuir os custos ainda mais abaixo da média”, disse.
A Vale reduziu o custo operacional para US$ 11,90 por tonelada de minério de ferro no quarto trimestre, o menor do setor, graças à depreciação do real perante o dólar.