A estiagem prolongada deve demandar a cobrança de taxa extra na conta de luz até o fim do chamado período seco, no fim de novembro deste ano, afirmou ontem o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata.
Segundo ele, o mês de julho teve o pior nível de chuvas da série histórica, iniciada em 1931, e não houve melhora no início de agosto. Sem chuvas, o ONS é obrigado a acionar usinas térmicas, que são mais caras.
BOLETO CARO
O custo das térmicas já vem sendo pago pelo consumidor desde maio, quando foi acionada a bandeira amarela, que acrescenta à conta de luz R$ 1 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A partir de junho, começou a vigorar a bandeira vermelha nível 2, de R$ 5 a cada 100 kWh.
Em palestra na conferência Brazil Windpower, Barata disse esperar que a bandeira vermelha nível 2 vigore até o fim do período seco, que se encerra no fim de novembro. A decisão sobre qual bandeira acionar é tomada mensalmente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo o ONS, até as 11h45 de ontem, as térmicas representavam 21,5% da energia gerada no país. Diante da seca, há usinas a diesel e óleo combustível, mais caras e poluentes, em operação. A previsão do ONS é que os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, principal caixa d’água do setor elétrico brasileiro cheguem ao fim de novembro com, no máximo 20% de sua capacidade. O valor é semelhante ao registrado no mesmo período do ano anterior, mas é metade do projetado no início de 2018.
No Nordeste, com as restrições da vazão no rio São Francisco, a situação deve melhorar: a expectativa é que os reservatórios atinjam no fim de novembro 30% da capacidade, bem acima dos 5,5% do mesmo período do ano anterior.
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O Nordeste tem sido beneficiado também pela expansão da capacidade de geração éolica, que chegou a responder por 72% da demanda local em 23 de julho, um recorde desde que o setor começou a operar no Brasil. Atualmente, disse Barata, o Nordeste exporta energia para outras regiões.
O consumidor brasileiro enfrenta outra ameaça de aumento na conta de luz, devido à proposta de revisão, pela Aneel, do orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargocobrado nas tarifas.
A Aneel prevê gasto adicional de R$ 1,4 bilhão neste ano, além dos R$ 18,8 bilhões já aprovados, para ajudar a bancar a operação das distribuidoras da Eletrobras e reconhecer incentivos dados à energia éolica. (FolhaPress)