A mineradora multinacional Vale vai divulgar na próxima quarta-feira (20) seu relatório de produção referente ao primeiro trimestre deste ano, período que compreende de janeiro a março. Muito aguardado pelo mercado, por conter informações sobre o volume físico de minérios e metais extraídos no Brasil e no exterior, o RP 1T16 trará dados sobre operações localizadas, por exemplo, em Parauapebas (minérios de ferro e manganês), Marabá e Canaã dos Carajás (ambos com extração de cobre).
Se confirmados os números informados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a produção física de minério de ferro da Vale em Parauapebas no primeiro trimestre deste ano terá sido de 32,62 milhões de toneladas (Mt). No mesmo período do ano passado, foram 27,52 Mt. Ou seja, a produção de minérios deste ano supera a de 2015 em mais de 5 Mt, o que sinaliza para um ano de mais um recorde de produção da empresa.
Mas, para a Vale, o que realmente importa é o relatório do resultado financeiro, este o qual a mineradora vai apresentar na quinta-feira (28) da semana que vem, às 6 da manhã, horário da abertura dos mercados financeiros. Ao menos em termos de vendas em minério de ferro de Parauapebas, a Vale deverá mostrar redução de lucros ainda mais severa. Isso porque, apesar de ter extraído mais, o preço do minério de ferro ofereceu margem de lucro menor este ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Hoje, por exemplo, o preço do minério de ferro fechou cotado a 59,90 dólares a tonelada, mas a média dos três primeiros meses deste ano foi de 47 dólares, 16 dólares a menos que a média do mesmo período de 2015.
De acordo com o MDIC, de janeiro a março deste ano, a Vale exportou de Parauapebas 696,9 milhões de dólares em minério de ferro, valor muito mais baixo que o 1.065,5 bilhão de dólares apurado em vendas de janeiro a março do ano passado. A queda é da ordem de 34,6%, e derrubou a “Capital do Minério” tanto do topo das exportações quanto do superávit na Balança Comercial.
MINÉRIO QUE RESTA
Em Parauapebas, atualmente, a Vale lavra minério de ferro nos corpos de N4 e N5 na Serra Norte de Carajás, além de manganês na Mina do Azul. Em seu “Relatório Anual 2015”, divulgado no final de março, a empresa informou que em 2034 as jazidas de minério de ferro desse conjunto (N4 e N5) estarão exauridas, mantido o ritmo de lavra de 127 Mt, como no ano passado. Ao longo de 32 anos de extração de ferro em solo parauapebense, a Vale já retirou 1,95 bilhão de toneladas de minério. Restam 2,43 bilhões de toneladas nos corpos N4 e N5.
Ainda há minério de ferro nos corpos de N1 (850 Mt), N2 (80 Mt), N3 (160 Mt) e no complexo associado N6, N7, N8 e N9 (que totalizam, juntos, 360 Mt), conforme pesquisa geológica realizada pela mineradora e cujos dados foram divulgados em diversos estudos e relatórios depositados em órgãos públicos. Grande parte desse minério está em áreas de canga e cavernas de relevante interesse ecológico, o que dificulta autorização de lavra junto aos órgãos ambientais. Mesmo assim, a lavra de todos esses “enes” que restam, considerando-se o atual ritmo da Vale, tem duração de apenas 12 anos, e a empresa não anuncia planos de realizá-la porque depende, entre outros fatores, das condições de mercado.
A pressa da empresa neste momento é colocar para “rodar” o projeto S11D, em Canaã dos Carajás, que adicionará 90 Mt de minério de ferro à atual capacidade da extração realizada em Parauapebas, de 140 Mt. Em Curionópolis, o projeto Serra Leste, também da multinacional, tem capacidade para 10 Mt por ano.
Fonte: André Santos