O Pará possui apenas 3 mil homens do Corpo de Bombeiros para atender todo o Estado, segundo números oficiais do comando da corporação, que admite um déficit de 1.800 oficiais, que seria o mínimo adequado para atender as ocorrências em todos os municípios. Entretanto, a Associação de Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros Militar diz que essa defasagem é muito maior. Para os próprios trabalhadores, o ideal seria ter 11 mil bombeiros trabalhando, elevando a carência para 8 mil oficiais.
“O número real é muito mais baixo. Tanto é que, hoje, só 25 dos 144 municípios são cobertos por bases do Corpo de Bombeiros, que, assim como o resto dos órgãos de segurança pública, está abandonado pelo Governo do Estado”, afirma, categórico, o cabo Manoel Campelo, diretor da Associação.
Campelo diz que, para se ter um comparativo, a Polícia Militar tem 15 mil homens e não consegue atender bem a demanda. “Os bombeiros atendem emergências de grandes proporções que precisam de retaguarda. Portanto, com as dimensões do Pará se torna muito difícil deslocar efetivos, quando a ocorrência é em uma região mais distante das maiores cidades”, afirma, citando o exemplo da região sudeste do Pará, onde só há base dos bombeiros em Marabá, Parauapebas e mais recentemente foi instalada uma em Canaã dos Carajás.
Ele disse que esse operacional nem de longe atendem a demanda. “Essa é uma região de desmatamentos e muitas queimadas. Como atender a mais de 40 municípios de lá com apenas 3 bases?”, questiona. Ele cita ainda o município de Altamira, onde o 9º Grupamento do CBM atende também Uruará, Medicilândia, Brasil Novo, Vitória do Xingu, Porto de Moz e Anapu, entre outros.
INVESTIGAÇÃO
O efetivo reduzido pode ter sido a causa do agravamento do incêndio ocorrido no último domingo (2) no centro comercial de Castanhal. Os lojistas afirmam que se os bombeiros tivessem chegado mais cedo, o fogo não teria tomado grandes proporções, deixando duas lojas com perda total. A versão dos lojistas já está sendo investigada pela Promotoria de Justiça Militar do Pará.
Manoel Campelo diz que, até para esse combate ao incêndio de Castanhal, houve necessidade de reforço dos agentes de municípios vizinhos. Ele informa ainda que os militares estão sobrecarregados. “A situação é preocupante porque o efetivo está muito reduzido, fora as condições de trabalho ruins e a falta de salários dignos, já que o governo não cumpriu as promessas feitas no último movimento que fizemos”, reitera.
RESPOSTA – CORPO DE BOMBEIROS
Em nota, o Comando Geral do CBM Pará informa que o Estado tem um efetivo de 3.182 bombeiros, e que para atender as exigências da lei nº 7.480/2010, pela qual faltariam “apenas” cerca de 1.800 bombeiros. O comando informa ainda que, em relação ao incêndio de Castanhal, o trabalho foi realizado corretamente e que ainda não foram notificados da investigação da Promotoria Militar.
(Cléo Soares/Diário do Pará)