Pesquisa divulgada pelo Observatório do Trabalho do Estado do Pará, parceria entre o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), analisou o crescimento do emprego formal para mulheres no estado.
Segundo informações oficiais do Ministério do Trabalho, em 2021 foram registradas 123.117 admissões de mão-de-obra feminina contra 97.435 desligamentos, gerando um saldo positivo de 25.682 postos de trabalho. Os números colocam o Pará como o estado da região Norte que mais empregou mulheres, sendo responsável por mais de 40% das vagas ocupadas formalmente, seguido do Amazonas, que registrou 23%.
No comparativo entre admitidas e desligadas, o saldo positivo foi bem maior que o verificado no ano de 2020, quando ocorreram 87.985 admissões, contra 81.065 desligamentos, acarretando um saldo positivo de apenas 6.920 postos de trabalhos formais femininos.
Para a secretária de Estado de Planejamento e Administração (Seplad), Hana Ghassan, os dados revelam avanços para uma das maiores demandas das mulheres: a autonomia financeira.
“Se analisarmos a questão do emprego, por exemplo, somente no ano passado foram gerados quase 26 mil postos de trabalho femininos em todo o Pará, com destaque para os setores de serviço, comércio e indústria. Também temos muitas mulheres no estado atuando nos setores da construção e da agropecuária, ou seja, quase 40% de todos os postos de trabalho gerados no Pará foram ocupados por mulheres. Em outra frente, as mulheres mostram a sua força, pois mais da metade dos microempreendedores do Pará são mulheres. Muitas, inclusive, empregadoras, gerindo sua atividade e abrindo novas oportunidades”, pontua a titular da Seplad.
Ainda segundo a titular da Seplad, o mercado de trabalho no Pará é composto atualmente por 3,6 milhões de pessoas dos quais 1,5 milhão são mulheres, que estão presentes em todos os setores da economia.
“Este ambiente importante de participação feminina também precisa ser garantido por políticas públicas de qualidade. Nesse aspecto, o Governo do Estado tem direcionado uma série de ações e investimentos para que as nossas mulheres tenham acesso, por exemplo, à saúde, por meio da ampliação da rede hospitalar com atenção dedicada à mulher; à assistência, através dos programas sociais de renda mínima criados no estado; e ao trabalho, através da capacitação e do acesso ao crédito”, detalha Ghassan.
Vagas
As obras de infraestrutura também são responsáveis pela geração de emprego, como por exemplo, o BRT Metropolitano. Natasha Boás é topógrafa na construção e conseguiu ser admitida profissionalmente em 2021.
“Sou formada no curso Técnico em Estradas pelo Instituto Federal do Pará(IFPA). Fui contratada em junho do ano passado. Tive a oportunidade de estagiar no Consórcio Troncal Belém (CTB), em outro setor, antes de começar a trabalhar aqui. E isso me deu oportunidade de adquirir experiência com a obra e de conseguir realmente ingressar no mercado de trabalho apesar de realmente ser muito difícil encontrar mulheres atuantes nessa área específica. Eu acho incrível conseguir participar do desenvolvimento dessa obra. Acredito que tem o potencial para ser uma grande e positiva mudança para a região metropolitana de Belém, por isso fico feliz em fazer parte dela de alguma forma”, comemora Natasha.
A geração de oportunidade de acesso à formação profissional ainda é um desafio histórico, por isso, o Estado desenvolve iniciativas de qualificação para mulheres em todo o Pará.
Heliane Paulino é moradora do município de Bom Jesus de Tocantins e participou do curso de auxiliar administrativo oferecido pela Fundação ParáPaz, em fevereiro, e elogia a disponibilização da qualificação profissional.
“Para mim foi uma honra participar desse curso. Hoje tenho meu certificado e vou procurar meios para me qualificar melhor na função de auxiliar administrativo porque é uma oportunidade futura de emprego”, declara.
Heliane analisa a situação de dificuldades para a autonomia financeira. “Durante o curso, algumas mulheres levaram os filhos pequenos para o curso à procura de uma qualificação melhor. A maioria de nós não teve oportunidade de se qualificar, ter um bom estudo e outras que tiveram, não souberam aproveitar. Depois de nos tornar adultas, precisamos de emprego e às vezes perdemos chances por não ter um conhecimento melhor. A Fundação vem ajudando muitas mulheres. Tendo a qualificação ficamos com mais facilidade de participar de um concurso público, de arrumar um emprego, para sobrevivermos e ajudarmos os nossos filhos”, comenta.