O Ministério da Saúde atualizou ontem as informações repassadas pelas secretarias estaduais de saúde sobre a situação da febre amarela no país. No período de monitoramento (de 1º de julho/2017 a 30 de janeiro de 2018), foram confirmados 213 casos de febre amarela no país, sendo que 81 vieram a óbito. Ao todo, foram notificados 1.080 casos suspeitos, sendo que 432 foram descartados e 435 permanecem em investigação, neste período. No Pará, houve 23 registros, com 13 casos descartados e dez ainda sob análise.
Moradores da rua Nova Uriboca, bairro Uriboca, no município de Marituba, na Grande Belém, estão apreensivos com o caso do macaco que foi encontrado morto na manhã do último sábado (27). O animal foi encontrado em um extenso terreno onde estão situadas várias casas de uma mesma família. De acordo com a comunidade, existem diversos casos na vizinhança de pessoas com suspeitas de doenças transmitidas pelo aedes aegypti, como dengue e chikungunya, por ser uma área de mata.
Funcionário do Conselho Tutelar de Marituba, Sérgio Antero, 50, contou que no local moram mais de 30 familiares seus. Foi a sobrinha dele, a jovem Patricia Antero, que viu o macaco morto. Em seguida, os moradores ligaram para a Delegacia do Meio Ambiente (Dema) que orientou a comunidade a isolar a área. “Fui ao departamento de zoonoses da prefeitura na segunda-feira (29). Eles buscaram (o animal) e o encaminharam para o Evandro Chagas. Só com o resultado do exame vamos saber se estava ou não com alguma doença”, pontua Sérgio.
A dona de casa Cláudia Nazaré Antero, 47, está se recuperando de uma dengue. “Ficamos preocupados porque minha sobrinha olhou e o macaco não apresentava ferimentos, indicando que pode ter sido de doença. Ainda não me vacinei. Vamos começar a vacinar esta semana”, diz.
Segundo Sérgio, após o ocorrido, a prefeitura começou a fazer um trabalho intenso na área para combater a proliferação do Aedes aegypti. “Estamos preocupados. Até limpamos o terreno. A preocupação é com a prevenção. Muitos moradores ficaram apavorados e estão procurando vacina”.
A febre amarela é transmitida por meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes no ambiente silvestre). O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942, e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.
RESULTADO DE MACACO SAIRÁ EM TRÊS DIAS
Diretora do Departamento de Vigilância em saúde de Marituba, a biomédica especialista em epidemiologia Ana Gabriela Carreira ressalta que o município só foi notificado do caso na segunda (29) e, em seguida, o Centro de Controle de Zoonoses foi acionado. Amostras do animal foram encaminhadas ao Instituto Evandro Chagas (IEC) para análise e identificação das causas da morte. O resultado deve sair em três dias.
“A gente não sabe a causa, se foi por doença. Vamos investigar inclusive se foi febre amarela”, explica. Segundo ela, devido a surtos de doenças transmitidas pelo aedes aegypti, desde setembro passado o município passou a intensificar o combate aos focos do mosquito com um plano emergencial. De acordo com o relatório da Vigilância, a cidade registrou surtos de febre chikungunya com 21 casos suspeitos em 2016 e 244 em 2017. Já de dengue foram 59 casos suspeitos em 2016 e 94 em 2017. “Estamos cumprindo o plano de combate ao aedes que é o vetor que – se picar um macaco infectado – pode transmitir a febre amarela para o homem. O transmissor é o mosquito. O Uriboca tem casos confirmados de chikungunya e já estava incluso nesse plano devido aos surtos”, frisa, acrescentando que, além da eliminação focal de entulhos, garrafas e pneus, é feita a borrifação química intra e extra domiciliar.
A diretora reforça que todos os postos estão abastecidos com a vacina contra febre amarela. Ela orienta que a população vá a um posto para fazer a imunização.
Equipes de agentes de combate a endemias e de saúde estão indo de casa em casa para alertar os moradores.
PARA ENTENDER
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda e que pode ser prevenida com a vacinação em duas doses. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e possui dois ciclos epidemiológicos distintos de transmissão: silvestre e urbano. Não há transmissão direta de pessoa a pessoa.
Primeiras manifestações sintomáticas da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos.
O tratamento é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado.
Como a transmissão urbana só é possível através da picada do mosquito aedes aegypti, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação. Qualquer recipiente como caixas d’água, latas e pneus contendo água limpa, são ambientes ideais para que a fêmea do mosquito ponha seus ovos, de onde nascerão larvas que, após desenvolverem-se na água, se tornarão novos mosquitos.