Os governos de vários países abriram investigações contra a Uber, após a empresa revelar que encobriu uma violação que expôs dados de 57 milhões de pessoas, entre clientes e motoristas, no mais recente escândalo a atingir a empresa de transporte urbano compartilhado por aplicativo.
Autoridades no Reino Unido e nos Estados Unidos, dois dos principais mercados do Uber, bem como a Austrália e as Filipinas anunciaram nesta quarta-feira (22) que vão investigar a resposta da empresa à violação dos dados.
A Uber informou que, no fim de 2016, pagou US$ 100 mil para hackers destruírem dados roubados de mais de 57 milhões de clientes e motoristas. A empresa não revelou o incidente para vítimas nem para autoridades.
As informações roubadas incluíam nomes, endereços de e-mail e números de telefone de usuários do Uber, além de nomes e números de licenças de 600 mil motoristas dos EUA. O executivo-chefe do Uber, Dara Khosrowshahi, reconheceu que a empresa cometeu um erro ao lidar com a violação, durante a gestão do antigo CEO, o cofundador Travis Kalanick.
EUA
Parlamentares dos EUA pediram audiências no Congresso e que a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) analise a questão.
A Uber disse que está em contato com a FTC e vários países para discutir o ataque no ano passado, que expôs dados sobre milhões de clientes e motoristas.
“Fizemos contato com vários procuradores-gerais e com a FTC para discutir esta questão, e estamos prontos para cooperar com eles no futuro”, disse um porta-voz da Uber por e-mail.
Procuradores-gerais em pelo menos quatro estados norte-americanos –Connecticut, Illinois, Massachusetts e Nova York, disseram que lançaram investigações sobre a violação.
“Temos sérias preocupações sobre a conduta relatada”, disse a procuradora-geral de Massachusetts, Maura Healey.
A FTC, que investiga empresas acusadas de descuido com os dados dos consumidores, disse que está analisando o assunto, mas recusou-se a dizer se lançou uma investigação formal.
“Soubemos por meio de reportagens, que descrevem uma violação no final 2016, as ações dos funcionários do Uber após essa violação. Estamos avaliando de perto as questões graves levantadas”, disse uma porta-voz da FTC.
Reino Unido
A autoridade britânica de proteção de dados disse que vai trabalhar com agências locais e no exterior para investigar a questão.
“Se os cidadãos do Reino Unido foram afetados, então deveríamos ter sido notificados para que pudéssemos avaliar e verificar o impacto sobre as pessoas cujos dados foram expostos”, disse James Dipple-Johnstone, vice-comissário de Informação do Reino Unido.