Funcionários da Vale foram feitos reféns durante três dias por índios da etnia Xikrin do Cateté, em uma unidade de extração de Ourilândia do Norte, a cerca de 900 km de Belém (PA). Os empregados só foram liberados às 21h deste sábado (14), segundo a assessoria da empresa. Os índios se apossaram da portaria da unidade Onça Puma desde quinta-feira (12). Não há consenso sobre o número de reféns. Segundo a assessoria de imprensa da Vale, neste sábado ainda havia 50 funcionários (incluindo terceirizados) impedidos de sair. Na quinta-feira chegou a ser 200 os retidos. Já conforme a Polícia Civil local, eram só oito funcionários impedidos de sair. De acordo com a empresa, os índios ameaçaram atear fogo na unidade –o que a Polícia Civil informou não ter conhecimento. Cerca de 400 índios da etnia ficaram instalados na portaria da unidade. Na tarde deste sábado, a Justiça determinou a reintegração de posse. Policiais militares se deslocaram à unidade para acompanhar o oficial de Justiça na entrega da decisão e já deixaram o local.
Segundo a Polícia Civil, não há informações de carros ou portões depredados. Os índios concordaram em deixar o local para que as tratativas com a empresa fossem retomadas na segunda-feira (16). Em nota, a Vale informa que “reitera seu respeito aos povos indígenas”, mas que repudia qualquer forma de violência que ameace seus empregados. Ainda segundo a empresa, os manifestantes cobram “mudanças na proposta de acordo em andamento” entre a empresa, o Ministério Público Federal e a Funai, para repasse em custeio e projetos às comunidades indígenas. Os índios, diz a Vale, querem que o repasse proposto “seja feito integralmente em custeio”, com verba extra para os projetos. A Vale afirma que o recurso deve ser focado em projetos. Ainda em nota, diz que tem dado encaminhamento às questões acordadas com as demais comunidades. Até o momento, a reportagem não havia conseguido falar com representantes dos Xikrin do Cateté.