O Projeto Fosfato Santana, localizado no extremo sudeste do município de São Félix do Xingu, sul do Pará abrirá quase 3 mil vagas para a implantação e operação do mega projeto.
Confira aí direitinho os 27 cargos de nível superior: engenheiro de minas (10 vagas), enfermeiro (5), engenheiro de segurança do trabalho (3), administrador (4), geólogo (1), engenheiro de produção (1), engenheiro mecânico (1), médico (1) e nutricionista (1).
Agora, atente-se aos cargos de ensino médio: técnico em mineração, técnico em geologia, técnico em meio ambiente, técnico em segurança do trabalho, técnico em qualidade, auxiliar administrativo, secretária, auxiliar geral, chefe de cozinha, cozinheiro, auxiliar de cozinha e refeitório, mecânico, eletricista, tratorista, operador de escavadeira, operador de motoniveladora, operador de perfuratriz, operador de carregadeira, operador de caminhão-comboio, condutor de caminhão, condutor de caminhão prancha, condutor de caminhão regadeira.
São, ao todo, 280 oportunidades diretas distribuídas em 105 empregos para cargos administrativos (entre os quais as 27 funções ocupadas pela mão de obra de nível superior e 78 para funções que exijam formação técnica ou de nível médio) e 175 para cargos operacionais. Além destes, durante a etapa da operação, outros 1.700 postos serão criados, de acordo com as informações levantadas com exclusividade pela Assopem.
Mas que se esclareça: os cargos inicialmente citados são apenas oportunidades da etapa da operação, os chamados postos fixos. Antes, porém, na implantação, trabalhadores de diversos ramos e diferentes graus de escolaridade serão recrutados. Serão 2.500 oportunidades que devem contemplar engenheiros civis, mecânicos, eletricistas, de segurança do trabalho, assim como técnicos de diversas áreas, serventes, entre outros. Por outro lado, essas 2.500 vagas serão encerradas com o término da implantação do projeto. No frigir dos ovos, somando-se os empregos da implantação, os indiretos e os fixos da operação, os números chegam a quase 4.500 oportunidades.
GRANDE OBRA NO PARÁ
O Fosfato Santana — a cujos Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima) a Assopem teve acesso e analisou 200 e poucas páginas que sintetizam o empreendimento ― visa à fabricação de fertilizantes para a agricultura, particularmente o superfosfato simples e o fosfato natural. A multinacional canadense MbAC Fertilizantes é a dona do projeto, que, em São Félix do Xingu, fará a extração mineral e o processamento industrial para transformar fosfato em adubo.
A vida útil do empreendimento é estimada em 31 anos e a produção esperada é de 300 mil toneladas anuais de concentrado fosfático, com teor de pureza em 34%. Ansiosa para dar start-up à operação, a MbAC está de olho num filão de mercado nacional de uso de plantio de fertilizantes que deve saltar de 93 milhões de hectares atualmente para 114,8 milhões até 2031, de maneira que o uso médio de fertilizantes deve passar de 361 quilos por hectares hoje para 442 quilos por hectares em 14 anos. Sua mira são os estados da Região Norte e o Mato Grosso, este último uma potência agrícola.
Para a implantação do projeto Santana, estão previstos investimentos da ordem de R$ 690 milhões. Essa, aliás, era a previsão inicial.
Curiosamente, muitos pensam que o projeto Fosfato Santana fica no município de Santana do Araguaia. Mas não. Inicialmente, o projeto foi pensado para ser desenvolvido tanto em São Félix do Xingu (reserva mineral, barragem de rejeitos e planta industrial) quanto em Santana do Araguaia (planta química). Justamente por isso recebeu o nome de projeto Fosfato Santana. Porém, por questões logísticas e financeiras, já que duas plantas em lugares distintos demandariam custos, a MbAC optou por concentrar suas operações em São Félix, ainda assim com a denominação anterior.
O escoamento da produção, entretanto, será feito via município de Santana do Araguaia. No fundo, o empreendimento gerará divisas tanto para São Félix quanto para Santana e Cumaru do Norte, com a ampliação da arrecadação local e aumento do potencial de consumo.
Na semana passada*, representantes da empresa, sociedade e lideranças políticas participaram de uma audiência pública realizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) a fim de discutir os impactos socioambientais e econômicos do projeto, com base no EIA. Para todos os envolvidos, uma certeza: com ou sem a geração de emprego, o futuro da região está em jogo.
Os estudos ambientais para consubstanciar o projeto foram realizados pelas consultorias Ambienger Engenharia Ambiental (com sede em Palmas, TO), Prominer Projetos (com sede em São Paulo, SP) e Marca (com sede em Belém, PA).
A Assopem bem que tentou falar com alguém da MbAC para saber detalhes do cronograma das obras, respeitando-se as licenças em prol das quais a empresa tem envidado esforços. Mas os números que aparecem na página 21 do EIA, como contato do empreendedor, de DDD 21 e finais 1406 e 1424, direcionam ao escritório de uma empresa de advocacia no Rio de Janeiro que nada tem a ver ou sabe informar sobre a MbAC. Pelo cronograma primário, a empresa já estaria em operação desde 2015. Só que teve de se reprogramar diante de circunstâncias diversas.
SÃO FÉLIX: CAPITAL DO BOI VIVO
O município paraense de São Félix do Xingu é o sexto maior do Brasil em extensão territorial, com 84.212,847 quilômetros quadrados de área onde, em 2017, já residem 125,5 mil moradores. São Félix possui encantos e riquezas minerais inesgotáveis, em cujas terras o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) contabiliza 937 processos ativos para descobrir recursos, a maioria ouro e cobre. Apenas este ano, apareceram 35 interessados em pesquisar minérios em São Félix, inclusive gigantes da indústria mineral como Anglo American, que requereu pesquisa para investigar níquel, e a Votorantim Metais, que abriu processo para sondar cobre.
Mas para quem quiser investir nesse extenso peço de terra paraense, é bom saber que São Félix está além da mineração. Com povo forte e guerreiro, é a pecuária que ocupa metade dos 3.500 trabalhadores da mão de obra formal empregada no município.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seu levantamento anual intitulado “Pesquisa Pecuária Municipal”, em uma década, entre 2005 e 2015, São Félix aumentou seu rebanho bovino de 1,58 milhão para 2,22 milhões de cabeças. Há 18 bois no pasto para cada habitante, o que faz de São Félix do Xingu o município brasileiro com o maior rebanho bovino e lhe confere o título de “Capital Nacional do Boi Vivo”, com diferença de quase 500 mil reses do segundo colocado, o município de Corumbá (MS).
Acompanhando a riqueza que sai do pasto, a Prefeitura de São Félix do Xingu prosperou e viu sua receita total explodir cerca de 300% em uma década, saltando de R$ 38,87 milhões em 2006 para R$ 154,23 milhões, de acordo com dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Se sair do papel, o projeto Fosfato Santana poderá adicionar cerca de R$ 30 milhões anuais em compensações financeiras, taxas e impostos à terra do boi.
Atualmente, o maior produtor nacional de fosfato, o município de Tapira (MG), movimenta R$ 637 milhões em operações minerais por ano e recolhe cerca de R$ 13 milhões em royalties de mineração, sem contar impostos e taxas que grandes empreendimentos pagam. (Fonte Assopem)