No estado do Pará um em cada cinco habitantes testaram positivo para a Covid-19. O número equivale a cerca de 1,3 milhão de pessoas que já possuem anticorpos para a doença ocasionada pelo novo coronavírus, o que representa uma positividade global de 21% e garante que grande parcela da população já foi infectada pela doença. Esse foi um dos resultados da primeira fase de pesquisa epidemiológica realizadas pelo Governo do Pará em parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa), divulgado na nesta sexta-feira (31), pelo governador Helder Barbalho.
“Foram 8.587 entrevistados em todas as oito regiões em saúde do Estado. Além do questionário, foi realizado o teste em cada um, para a identificação do contato com o novo coronavírus. Quero agradecer a todos esses voluntários que participaram do estudo e garantiram a real amostra do percentual da população do Estado que já possui contato com o vírus. Agradecemos também todos os alunos, professores e colaboradores da Uepa que proporcionaram informações estratégicas para as nossas tomadas de decisão, sempre respeitando a ciência e a técnica”. Helder Barbalho.
Os números gerais da pesquisa demonstram que 21% da população pesquisada, com mais de 12 anos, teve contato com o vírus no Estado; 78,5 testaram negativo e 0,5, inconclusivo. Esse resultado foi analisado dentro de uma amostra de mais de 8,5 mil testes realizados, com margem de erro menor que 3%.
Segundo o Professor Pedro Vasconcelos, Presidente do Comitê de Biossegurança da Uepa, o percentual global de 21% varia de acordo com as regiões. “A Região Metropolitana de Belém apresenta percentual de contágio muito maior do que as outras regiões. Se a média do Estado deu 21%, a média da RMB chega a 32,1%. Em segundo lugar, o Marajó Ocidental, com contágio de 28,5%. A terceira região com o maior contágio foi o Nordeste do Estado, com 27,2%. Região dos Carajás com 24,1% foi a quarta região com o maior número de contágios. No extremo sudoeste do Pará, a Região do Tapajós registrou 20,5%. O Baixo Amazonas contabilizou 17,1%. E as duas regiões com o menor contato com o vírus foram Região do Xingu, com 9,9% e Região do Araguaia, no extremo sul do Pará, com 7,2%”, afirma o professor.
O governador alerta que as regiões com menor número de contágio da doença precisam de atenção especial, porque tendem a avançar na quantidade de casos de pessoas infectadas. Por conta das dimensões territoriais do Estado, segundo o chefe do executivo estadual, cada região precisa ser analisada de forma particular, de acordo com a realidade atual.
“Em relação a quantidade de casos positivados na RMB, constata-se, por um lado, um número elevado de contágio, mas por outro percebe-se que com esse nível de contágio, inicia-se um processo gradativo de uma barreira de rebanho, que protege a população enquanto não é liberada a tão esperada vacina por todos nós”, assegura o Governador.
A amostragem da pesquisa foi composta por 63,3% de moradores da área urbana e 36,7% da área rural; e 49,2% de homens e 50,2% de mulheres. Segundo o professor Pedro Vasconcelos, o número de pessoas infectadas em áreas urbanas é quase o dobro do que nas áreas rurais. “O resultado da população com anticorpos na área rural foi de 63,8%, enquanto 36,2% positivados na área rural. O sexo feminino foi um pouco mais acometido pela doença, com 53,2%, enquanto o masculino registrou 46,8%”, informa.
A faixa etária que registrou maior contato com o vírus foi de 25 a 34 anos, com 23% de positividade, enquanto as pessoas com mais de 60 anos, 10,5%. Outras variáveis como escolaridade, classe econômica, cor/raça também constituíram dados coletados pela pesquisa. “As pessoas com ensino fundamental (42,5%), as classes DE (53,8%) e pessoas com a cor parda (68,4%) apresentaram os maiores percentuais de positividade”, destaca o professor.
O inquérito epidemiológico garante informações reais e necessárias para subsidiar as tomadas de decisões do Governo do Estado. “Além do Inquérito nos apontar se a Covid avança em determinada área e isso facilitar a execução das medidas de controle, iremos estudar o perfil socioeconômico da população pesquisada, cruzando essas informações com outros dados locais/regionais, gerando mais informações qualificadas que irão servir de base para a implementação de outras políticas públicas intercomplementares para a melhoria da vida da população, bem como possibilitar estudos acadêmicos sobre a pandemia e os prováveis fatores condicionantes que naquela região favoreceram ou não a infecção na população”, afirma o professor Rubens Cardoso, Reitor da Uepa.
Essa pesquisa é mais uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Uepa, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado (Sespa) e com a Universidade Federal Rural da Amazônia. O estudo utilizou critérios referenciados de pesquisa realizada pela Universidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Com início no dia 30 de junho na Região Metropolitana de Belém e Ananindeua, seguiu para o interior do estado a partir do dia 6 de julho.
Ao todo, 208 estudantes da área da saúde se distribuíram em 52 municípios paraenses, que participaram da primeira fase do estudo. A pesquisa é dividida em três fases e prevê a aplicação de cerca de 27 mil testes no Pará. O objetivo é fazer um levantamento de informações sobre a infecção pelo novo coronavírus para embasar, de forma mais assertivas, políticas públicas de combate e controle à Covid-19. A partir da próxima segunda-feira (3), tem início a segunda etapa da pesquisa no Estado, que envolverá mais 32 novos municípios paraenses.