O trabalho iniciado em março deste ano pelo Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (Ciam), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), vem ajudando o Governo do Pará a identificar focos de queimadas logo no início, principalmente em áreas de floresta. Com as tecnologias disponíveis no Centro, que opera por meio de um sistema de imagens de alta resolução, é possível acompanhar também a previsão meteorológica, hidrometeorológica e os eventos extremos relacionados a tempo e clima em todo o Pará.
Este aparato é muito importante no período de agosto a outubro, quando historicamente o número de queimadas é maior no Estado, principalmente na região sul. “Nos meses mais críticos, e quando os focos aumentam, o Estado é escaneado via satélite duas vezes ao dia, de forma ininterrupta, sempre no início da manhã e no fim da tarde. Em seguida, nossa equipe elabora boletins diários sobre a quantidade de focos de incêndio, os locais onde estão acontecendo queimadas e se, de fato, elas oferecem risco. Por fim, avisamos Bombeiros e Defesa Civil do município sobre as ocorrências”, informou Antônio Sousa, diretor de Meteorologia e Hidrologia do Ciam.
Segundo a série histórica de clima e temperatura, que contém informações desde 1988 de todo o Estado, os meses mais críticos em relação ao total mensal de focos de queimadas são agosto, setembro, outubro e novembro. “Nesse período é comum alguns municípios do sul do Pará apresentarem de 30 a 60 dias sem registro de chuva, o que favorece a ocorrência de queimadas, tanto oriundas de causas naturais como as queimadas provocadas. Este ano, por exemplo, Altamira e São Félix do Xingu já chegaram a ficar 90 dias sem chuva”, disse o meteorologista.
Tipos de queimadas
Segundo Antônio Sousa, há três tipos de ações que podem ocasionar queimadas: as induzidas, quando um produtor rural queima uma área a fim de preparar o solo para o plantio ou transformá-lo em pastagem; os criminosos e os decorrentes de causas naturais. “Geralmente, quando se faz uma queimada programada, ela deve durar apenas um dia. Então, quando passamos o escaner e detectamos um foco, e este permanece por mais tempo do que isso, já vira caso de alerta para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e Bombeiros do município”, detalhou o diretor.
No Pará, as causas naturais são as principais responsáveis pelo aumento dos focos no mês de setembro. O aumento das temperaturas, comuns nesta época do ano e mais intensas a partir de 2015, é apenas um dos fatores que favorecem a queimada natural. “Registramos em São Félix, município que detém 24% do número de queimadas de todo o Estado, uma média de temperatura entre 37 e 38 graus, chegando até a 40 graus. Além disso, a umidade do ar baixa (20%), vegetação e solos secos, e por vezes o vento mais forte, complicam ainda mais essa situação”, ressaltou o especialista.
O período chuvoso deve iniciar já em outubro e diminuir o problema. “Estamos vivendo períodos cada vez mais quentes com a mudança da temperatura e alguns eventos meteorológicos, mas as primeiras chuvas já estão aparecendo na região Centro-Oeste do país, e acreditamos que na segunda quinzena de outubro elas alcancem a região sul do Pará, o que deve abrandar essa situação”, concluiu Antônio Sousa.
Atuação
Além dos Bombeiros lotados nos municípios, que vêm trabalhando para combater os focos de queimada no início, a Defesa Civil Estadual atua por meio de grupos de trabalho nos pontos detectados mais críticos. Atualmente, duas áreas recebem atenção especial das equipes: a Serra das Andorinhas, no município de São Geraldo do Araguaia, e os Campos Ferruginosos, reserva federal que fica entre os municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas.
De acordo com o capitão Marcelo Santos, subchefe da Divisão de Operações da Defesa Civil, que comanda e recebe informações na sala de situação localizada na sede do Corpo de Bombeiros, em Belém, equipes foram enviadas a essas regiões para atuar mais diretamente nos problemas.
“Estamos monitorando essas áreas 24 horas por dia e enviamos equipes sempre que necessário para encorpar o contingente que já existe nos municípios em questão. Hoje, o coronel Norat comanda as operações no interior, sempre coordenando a equipe nessas duas áreas mais críticas e nos demandando, caso necessário”, reforçou o capitão.
Atualmente, na Serra das Andorinhas 15 homens trabalham diretamente nas ações de combate a incêndio, entre brigadistas e técnicos da Defesa Civil. Já nos Campos Ferruginosos, mais de 40 agem contra o fogo. “Estamos trabalhando diuturnamente para combater esses incêndios, mas a temperatura alta, ventos e a ausência de chuva acabam dificultando. Mas não medimos esforços para combater o incêndio nessas áreas e acabar com os focos em todo o Estado”, assegurou o capitão Marcelo Santos.