Acabou-se o que era doce, pelo menos em termos de oportunidades fartas de emprego, na “Terra Prometida”, que, em tese, deveria emanar pão, leite e mel. Com o fim das obras de implantação do projeto S11D, da mineradora Vale, o município de Canaã dos Carajás passa por seu maior aperreio desde que foi emancipado de Parauapebas, em 1994. Sobram fome, choro e ranger de dentes.
De maneira arrasadora, de 1º de janeiro de 2016 para cá, 11 mil trabalhadores foram demitidos no município, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram 6.853 ao longo de 2016 e 4.175 nos primeiros sete meses deste ano. Canaã dos Carajás é o 13º pior município brasileiro para encontrar emprego, entre 5.570 localidades de norte a sul. Em 2015, um ano antes do mar vermelho sufocar o mercado de trabalho, a “Terra Prometida” foi glorificada nacionalmente como o município brasileiro que mais gerou empregos, exatamente por causa do pico das obras de S11D.
Por outro lado, enquanto a possibilidade de arranjar emprego cai, a receita aumenta. Depois que o S11D saiu da etapa de implantação e entrou na operação, a Prefeitura de Canaã dos Carajás nunca viu tanto dinheiro. É claro que prefeitura alguma vai admitir que está por cima da carne seca e há delas que usam o discurso da crise para enrolar a população. Mas quem quiser conferir o que a Assopem está careca de saber basta acessar o Portal Governo Transparente e analisar o quanto prefeituras, como a de Canaã, têm ficado cada vez mais “lindas e maravilhosas” ― para não dizer montadas na grana.
Para se ter ideia da força da Prefeitura de Canaã, basta compará-la com a receita de outras prefeituras. Com 36 mil habitantes para tomar conta, ela arrecada mais que muitas que tomam conta de 150 mil, 200 mil e até 300 mil habitantes. Águas Lindas de Goiás (GO), Barreiras, Ilhéus e Porto Seguro (BA), Alvorada e Bagé (RS), Teófilo Otoni (MG), Timon (MA), Parnaíba (PI) e Colatina (ES), entre outros, são municípios imensamente mais populosos e que não têm uma prefeitura tão endinheirada. E aí se somam outras 5.300 Brasil afora que são mais pobres, financeiramente, que a de Canaã.
Cabe ressaltar que quem for olhar a receita de Canaã neste momento vai se deparar com “apenas” R$ 151,05 milhões arrecadados em 2017. É que faltam aí muitos milhões, inclusive a última quantia de R$ 4,45 milhões de royalties de mineração. Hoje são 16, e o Portal da Transparência de Canaã foi atualizado no dia 11 de agosto, até o momento desta matéria. Ainda assim, a arrecadação está em 60% da meta para este ano. (Fonte Assopem)