Não houve consenso, entre os vereadores do Solidariedade (SDD), quanto à “Carta Convocatória” da executiva estadual do partido, que exigiu dos parlamentares a renúncia de seus apoios políticos ao prefeito de Parauapebas, Valmir Mariano. No documento, datado de 20 de fevereiro, o presidente da sigla no Pará, James Frederico Medeiros, determina ainda que os edis devolvam imediatamente os eventuais cargos políticos que possuam vínculos com o prefeito e instaurem uma comissão, com a finalidade de processar e cassar o mandato do prefeito, por suposta infração político-administrativa. Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal, realizada na última terça-feira (24), os integrantes do SDD comentaram o assunto.
A bancada do Solidariedade é composta por sete vereadores: Devanir Martins, Charles Borges, Francisco Pavão, João do Feijão, Josineto Feitosa, Odilon Rocha e o presidente da Câmara, Ivanaldo Braz. Entre estes, Charles e Pavão já haviam declarado oposição à gestão do prefeito.
Durante a sessão, ao fazer uso da tribuna, Charles Borges leu a carta convocatória na íntegra. O documento prevê ainda que, em caso de desobediência, o Conselho de Ética do partido instituirá uma comissão especial para “identificar e conduzir o rito para a expulsão do controle interno partidário os vereadores filiados considerados infiéis”.
Ao se pronunciar, Pavão relatou que ajudou a eleger Valmir Mariano por acreditar no projeto de governo, mas, ao ver os “desmandos do prefeito”, percebeu que estava errado. “Nos meus últimos dois anos de mandato, meu objetivo será trabalhar para melhorar este município. Mas, no meu ponto de vista, só tem um jeito de fazer isso: afastando nosso prefeito. Infelizmente, tenho que dar a mão à palmatória e admitir que eu errei, ao trabalhar para elegê-lo, e quero consertar este erro. Vou discursar, vou fiscalizar e vou denunciar sempre que puder. Hoje eu estou na campanha “Fora Valmir” pelo bem de todos”, destacou.
Para Devanir Martins, presidente do diretório municipal do SDD, essa convocação foi feita atendendo a interesses individuais e não partidários. “Até que me prove o contrário, não vou fazer nada em função ou por desejo de alguém. Acho que o prefeito até vem trabalhando de forma satisfatória. Sabemos que Parauapebas é a cidade mais difícil de governar no Estado do Pará”.
Devanir ressaltou ainda que suas ações são feitas por convicção e que até pode ser expulso do partido, mas quer saber em que a medida será baseada. “Vou fazer uma consulta jurídica, porque entendo que um partido não é para atender aos interesses de algumas pessoas; tem que ser mais amplo, pois partido não tem dono”.
Por sua vez, Odilon Rocha, secretário municipal do SDD, classificou a medida como absurda. “Não é possível que onde tenham sete vereadores, cinco estejam errados. No mínimo, tínhamos que receber uma notificação orientativa do partido de como a bancada poderia se comportar. No entanto, veio aqui uma ameaça. Achei totalmente irresponsável e errada. Esse partido não nos respeitou”, disparou.
Ivanaldo Braz também classificou como errada a maneira como a carta convocatória foi emitida, pois, segundo ele, a medida deveria ter sido intermediada pelo presidente municipal. Braz destacou ainda que caso seja expulso não haverá problemas. “Não fui eleito por presidente de partido. Fui eleito com os votos da população de Parauapebas. Se me tirarem, tenho certeza que acharei outra agremiação”. O parlamentar acrescentou ainda que, independentemente de continuar no SDD ou não, manterá seu apoio a Valmir. “Quero ajudar o prefeito neste momento mais difícil pelo qual ele está passando. Não sou companheiro só nos momentos bons, mas nos ruins também”.
João do Feijão não comentou o assunto. Josineto Feitosa também não falou sobre a carta convocatória do partido, mas ao usar a tribuna fez críticas ao governo Valmir e ressaltou que nos dois primeiros anos de administração “o prefeito demonstrou que não gosta de vereador”.
Nayara Cristina/Ascom-CMP