Aprovada na última quinta-feira pelo plenário da Câmara dos Deputados, uma emenda à Medida Provisória (MP) 661/14 permitiu que trabalhadores, aposentados e pensionistas ampliem o limite para novos empréstimos com desconto na folha de salários ou benefícios em mais 10% da renda, para pagar dívidas com o cartão de crédito. Com a nova autorização, o comprometimento máximo com esses financiamentos – que têm os menores juros do mercado – sobe para 40%. Somados aos outros 10%, que hoje as empresas podem reter para cobrir gastos do trabalhador com plano de saúde, remédios e previdência privada, o desconto total poderá chegar a 50% do salário.
A emenda que permitiu ampliar os limites do crédito consignado foi incluída de última hora no texto do projeto de conversão pelo relator da MP 661, Leonardo Quintão (PMDB-MG). Segundo fontes da Câmara, isso ocorreu depois de um forte lobby de emissários do setor financeiro. E, com mais renda comprometida, especialistas temem que as famílias fiquem mais endividadas e tenham descontrole financeiro.
Para os especialistas, o aumento do limite para o crédito consignado é algo delicado, que pode agravar ainda mais o endividamento das famílias. O professor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), acredita que esta medida terá pouco impacto macroeconômico, pois as famílias já estão com a renda muito comprometida.
– Vejo esta medida em linha com os antigos incentivos ao consumo, como a redução do IPI. Isso pode até ter um impacto no curto prazo, mas não gera ampliação sustentável de consumo. É mais um voo de galinha.
Felisoni afirmou que o aumento do limite do crédito com desconto em folha é ruim pela falta de educação financeira das famílias, o que pode até gerar a alta de inadimplência de outras linhas de crédito do país, já que as prestações do consignado são retidas diretamente do salário.
APOSENTADOS
Aposentados e pensionistas do INSS igualmente poderão contar com esse aumento de limite de mais 10% do benefício para descontos direcionados exclusivamente ao pagamento de cartão de crédito. Assim, eles poderão autorizar um total de 40% de descontos, frente aos 30% atuais.