O minério de ferro de qualidade superior de Carajás, no Pará, deve ser um grande trunfo para a Vale neste ano. A receita obtida pela empresa somente com o prêmio (valor adicional pago por tonelada) de seus produtos premium pode ultrapassar 3 bilhões de dólares neste ano, segundo estimativas de analistas ouvidos por EXAME.
Conforme relatório de produção da Vale, 86% das vendas da empresa no segundo trimestre estão enquadradas no grupo de produtos premium, que incluem pelotas, minério de Carajás, Brazilian Blend Fines (mistura própria criada pela companhia), pellet feed e Sinter Feed Low Alumina. Estes itens costumam ser negociados com um valor extra em relação à referência do mercado, de 62% de ferro contido.
No segundo trimestre de 2019, o teor de ferro do portfólio da Vale alcançou 64,8%, destacou a companhia em relatório. No período, o prêmio médio obtido pela empresa foi de 13 dólares por tonelada, um patamar que vem se mantendo nos últimos meses diante de uma demanda maior por esse tipo de produto na China, responsável por metade do consumo mundial de minério de ferro.
Outro grande player global e principal concorrente da Vale, a anglo-australiana Rio Tinto, também vem conseguindo bons prêmios com o chamado Pilbara Blend, minério de ferro de alta qualidade extraído na rica região de Pilbara, na Austrália.
O preço do minério de ferro está hoje na casa dos 120 dólares a tonelada. Antes da tragédia de Brumadinho, a cotação girava em torno de 74 dólares.
Momento propício
O prêmio alto pelo minério de ferro de alta qualidade vem em um bom momento para a Vale, já que a produção da companhia recuou, no segundo trimestre, 33,8% na comparação anual, para 64 milhões de toneladas, principalmente “em função dos impactos decorrentes da ruptura da barragem de Brumadinho e de condições climáticas incomuns no Sistema Norte em abril e no início de maio”, destacou a empresa em relatório.
Apesar da expectativa de manutenção da demanda forte por minério de ferro de alta qualidade no mundo, estima-se que o consumo de commodities em geral deva apresentar uma desaceleração no segundo semestre, principalmente devido ao desaquecimento da economia mundial e à guerra comercial entre Estados Unidos e China, o que pode pressionar as cotações nos próximos meses. (Revista EXAME)