Pelo quinto ano consecutivo, o Brasil vê o número de engenheiros de minas minguar no mercado de trabalho. Em 17 estados houve mais demissões que contratações, em quatro a situação ficou estável e somente em meia dúzia foi registrado volume de vagas maior que os desligamentos. A informação foi levantada pelo engenheiro e jornalista André Santos, a pedido exclusivo da Assopem, a partir dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na última sexta-feira (26) pelo Ministério do Trabalho (MTb).
Minas Gerais, apesar de ter contratado mais que demitido no setor mineral como um todo, continua a liderar as demissões de engenheiros de minas, com 39 baixas na carteira. Rio de Janeiro, com 31 demissões, e Maranhão, com 29, aparecem na sequência.
O Pará, segundo maior lavrador de minérios do país e cuja produção aumenta anualmente, destaca-se, de forma negativa, com o quarto maior volume de demissões dos profissionais que estão entre os que mais dão orgulho à balança comercial do país. Com 27 baixas, o estado entrou 2018 com 496 engenheiros de minas com carteira assinada. Pode parecer muito, mas é a primeira vez, desde 2010, que o exército de engenheiros de minas em atividade no Pará fica abaixo de 500 vínculos formais. Sem considerar as contratações, o Pará é o segundo estado que mais demite a categoria em números absolutos, e Parauapebas, o município campeão isolado, tendo colocado na rua 44 engenheiros de minas ao longo de2017, 18 dos quais lotados em projetos de capital.
No outro extremo, o estado da Bahia apresentou saldo positivo de nove novos engenheiros de minas inseridos no mercado de trabalho, acompanhado por Goiás e Mato Grosso, ambos com três contratações; Tocantins, com duas; e Amapá e Rio Grande do Norte, com saldo positivode uma cada.
Para o presidente da Assopem, Artur Alves, a situação é muito mais grave que o panorama mostrado pelos números, afinal, as 52 contratações registradas no Pará refletem, majoritariamente, permuta de profissionais com elevada experiência. Ele nota também que o campeão de demissões no Brasil é o estado que mais tem cursos de engenharia de minas, com isso, centenas de profissionais são formados anualmente e não conseguem — pelo menos de forma oficial — lugar ao sol. “À exceção de Santa Catarina, que abriu um curso de Engenharia de Minas há pouco tempo, os estados com situação estável não formam engenheiro deminas, o que de certa forma contribui para o balanço equilibrado”, observa Alves, adicionando que, entre as Unidades da Federação com superávit, está o Amapá, aqui no Norte, que não tem curso, e o Tocantins, com uma graduação. “Mas nem de longe o saldo desses lugares dá conta deabsorver a demanda da região”, lamenta.