Anote aí e veja se não dá para você: 2.100 trabalhadores serão necessários na instalação do projeto de ouro Volta Grande, da multinacional Belo Sun, no município de Senador José Porfírio, à margem direita do Rio Xingu, Amazônia paraense. Haverá vagas para os seguintes cargos na etapa da instalação do projeto: auxiliares de serviços gerais, auxiliares de serviços de limpeza, vigilantes, auxiliares de campo, pessoal de refeitório, mestres de obra, armadores, pedreiros, mecânicos de manutenção, operadores de máquinas e equipamentos, topógrafos, eletricistas, engenheiros (civis, mecânicos, eletricistas, ambientais e de segurança do trabalho), técnicos (administrativos, em geologia, em edificações, em segurança do trabalho), administradores, profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas). Esses são os empregos diretos, da etapa da implantação da indústria de ouro, sem contar outros 600 que, indiretamente, serão criados.
Quando a etapa da implantação acabar, dois anos e meio após seu início, a empresa vai contratar empregados para postos fixos na operação da mina e da usina de beneficiamento. Os primeiros serão engenheiros de minas (pelo menos três), bem como geólogos (três), engenheiros mecânicos, engenheiros ambientais, biólogos, engenheiros de segurança do trabalho, técnicos em mineração, operadores de máquinas e equipamentos, técnicos em explosivos, entre dezenas de outros A empresa prevê até aproveitar das obras de instalação os trabalhadores que tenham perfil e qualificação técnica para as funções operacionais e administrativas.
Esse é o quadro de oportunidades que a megamina da Belo Sun vai abrir no coração do Pará, conforme apurou a Associação Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem) após ler as 233 páginas do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto Volta Grande, o terceiro da série “Especial Pará de Ouro”. Essas e outras informações constam do volume 1 do EIA, que versa sobre a descrição do empreendimento. O estudo — que tem, no total, cerca de 2.000 páginas ― foi encomendado pela Belo Sun à consultoria Brandt Meio Ambiente Ltda. Três engenheiros — um de minas, um civil e um ambiental ― elaboraram esse capítulo.
OURO NO CORAÇÃO DO PARÁ
O mais badalado projeto de ouro do Brasil e o mais noticiado projeto de mineração brasileiro no exterior em 2017 está a um passo de começar a operar. E contratar os profissionais acima descritos. Por esta razão, a Assopem subiu a Transamazônica (BR-230) e foi até Altamira, que ainda vive a ressaca do final da implantação das obras da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. A bem da verdade, Altamira é sempre referência do projeto da Belo Sun porque é o município mais populoso, mais conhecido nacionalmente e sede do escritório da empresa. A cidade está a 50 quilômetros da jazida, que, por seu turno, fica no município de Senador José Porfírio, quem, de fato, será beneficiado com eventuais compensações (royalties), taxas e impostos decorrentes da implantação e, principalmente, da operação do projeto.
Cabe ressaltar que toda a mão de obra da implantação do projeto Volta Grande será recrutada e contratada por meio de empreiteiras e deve ser desmobilizada por estas ao final dos serviços. A desmobilização, aliás, acontecerá paulatinamente, no momento de finalização de cada etapa da instalação do projeto. Já a operação de mina e planta de beneficiamento vai recrutar pessoal com grau de especialização bem distinto da mão de obra utilizada na implantação.
Como o sistema de mão de obra seguirá o modelo 20 por 10 (vinte dias de trabalho na obra por dez dias de folga), o alojamento será dotado das acomodações necessárias para a permanência prolongada do trabalhador nas dependências do projeto, como dormitórios, banheiros, lavanderia, refeitório, áreas de integração e lazer.
Com lavra de ouro a ser feita a céu aberto, já que a jazida está próxima à superfície, a operação da mina será feita em três turnos de oito horas cada. A lavra será feita em bancadas com altura de dez metros, com desmonte em duas etapas de cinco metros cada, para controle de diluição, permitindo uma lavra mais seletiva.
A Belo Sun está admirada do potencial do Pará e está entrando com tudo. Todos os 32 processos minerais que o município de Senador José Porfírio tem no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) são assinados pela empresa. Há, ainda, requerimentos para investigar áreas em praticamente toda a microrregião de Altamira e municípios adjacentes.
Entretanto, o maior problema p
ara o início do projeto Volta Grande são os entraves judiciais enfrentados pela Belo Sun, o que obrigou a implantação do projeto a ser suspenso. Em junho, a Justiça retirou a suspensão liminar à licença de instalação do projeto, mas a mineradora continua a trabalhar para resolver a demanda relacionada aos estudos de impacto sobre a população indígena. Tão logo seja resolvido, Volta Grande será retomado.
MAIS SOBRE A BELO SUN
O Volta Grande é um empreendimento da Belo Sun Mineração, subsidiária da canadense Belo Sun Mining Corp., com ações listadas na Bolsa de Valores de Toronto, a TSX (Toronto Securities Exchange). Conforme informações de um blog (http://www.blogprojetovoltagrande.com.br) criado para divulgar o Volta Grande, o projeto representa investimento de R$ 1,22 bilhão, o segundo maior já registrado na microrregião de Altamira, depois da construção da Hidrelétrica de Belo Monte.
O blog confirma o número do EIA de que, na fase de instalação, serão gerados 2.100 empregos diretos e informa que outros 6.300 indiretos serão criados, quantidade que até chegou a ser republicada pela imprensa nacional de maneira repetida. Porém, tanto o EIA quanto o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) atestam apenas 600 postos indiretos no setor de serviços (alimentação, hospedagem, entre outros). Na operação, mais 526 oportunidades diretas e 1.500 indiretas. O pico das obras de implantação será alcançado um ano e meio após o início das obras.
A produção média será de aproximadamente cinco toneladas de ouro por ano, em no mínimo 12 anos de vida útil, com a possibilidade de se estender o prazo, devido ao potencial mineral da região. O compromisso da empresa é de priorizar a mão de obra e os fornecedores locais, com programas de qualificação e apoio às iniciativas de instituições parceiras, de modo a preparar a população para se posicionar cada vez melhor no mercado de trabalho. Considerando salários, custos gerais, despesas, tributos, royalties, entre outros, a Belo Sun deve injetar mais de R$ 1 milhão por dia na economia da região quando o projeto Volta Grande estiver operando.
Senador José Porfírio, segundo a Belo Sun, contará, por ano, com R$ 19 milhões na fase de obra e R$ 5 milhões quando a mina começar a funcionar. Uma vez em operação, também serão recolhidos cerca de R$ 5 milhões por ano em royalties de mineração, diz o blog, que também disponibiliza e-mail para envio de currículos: curriculos@belosun.com.
Amanhã, a Assopem vai marchar rumo a outro projeto de ouro no oeste deste Parazão de meu Deus. (Fonte: Assopem)
2 Comentários
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