A Associação Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem), que segue em franca divulgação de projetos de mineração, vai embarcar agora rumo ao oeste do Pará, pegando a estrada da Rodovia Transamazônica (BR-230) a partir de Marabá. A finalidade é mostrar à sociedade o máximo possível de empreendimentos que podem vingar, ou não, e cujos rascunhos já existem, assim como homens em campo fazendo sondagens e procurando tesouros que o Pará sabe ter com maestria.
Em sua missão de defesa dos interesses dos engenheiros de minas e difusão do conhecimento mineral, a Assopem quer, também, munir a sociedade de informações sobre a movimentação que ocorre no Pará, frequentemente ignorada ou não sabida por uma parcela considerável da população.
Nesta primeira etapa, vamos divulgar os projetos que miram o ouro — todos os quais anunciados em algum momento recente pela mídia local ― e que têm capacidade para, juntos, empregarem 10.000 trabalhadores diretos na implantação, além de outros 2.000 na operação e sem contar os milhares de postos indiretos.
Parece exagero, invencionice. Há quem duvide. Mas é só observar quantos trabalhadores a instalação de um projeto de ouro vai pegar às margens do Rio Xingu, no coração do Pará, para se ter ideia de que o ouro é um negócio gigantesco.
AU! AU!
Símbolo de riqueza, vaidade, poder e glória, o ouro (cujo símbolo químico é Au) sempre foi um dos negócios mais interessantes no mundo. No Brasil, de janeiro a julho deste ano, as mineradores movimentaram R$ 5,2 bilhões em operações do metal, de acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Os governos ficaram com R$ 42,38 milhões em royalties do ouro.
O Pará é o terceiro maior produtor em 2017, com operações totais de R$ 697,81 milhões ― só perde para Minas Gerais (R$ 2,39 bilhões) e Mato Grosso (R$ 734,1 milhões). As maiores produtoras de ouro do país nos primeiros sete meses deste ano são as empresas Kinross (R$ 1,11 bilhão) e AngloGold Ashanti (R$ 946,18 milhões).
Aqui no estado, nas contas do DNPM, a empresa FDGold lidera a produção, com R$ 142,73 milhões até o momento, mas é sabido que gigantes, a exemplo da mineradora multinacional Vale, produzem ouro como subproduto do cobre nas minas de Sossego, em Canaã dos Carajás, e Salobo, em Marabá. A Vale é, de longe, a rainha do ouro no Pará.
Tanto é verdade que, em relatório divulgado a investidores no começo deste ano, a multinacional informou ter vendido à companhia canadense Silver Wheaton, há exatamente um ano, adicional de 25% do ouro produzido como subproduto em Salobo, e isso durante toda a vida da mina. A empresa já havia negociado anteriormente volume agregado de 50% desse ouro em 2013 e 2015.
Pela venda realizada em agosto do ano passado, a Vale recebeu pagamento inicial de 800 milhões de dólares, além de valor de opção de aproximadamente 23 milhões de dólares a partir da redução do preço de exercício dos bônus de subscrição da Silver Wheaton detidos pela Vale desde 2013 e com vencimento em 2023. Na mesma negociação, a empresa ficou de receber pagamentos sucessivos de 400 dólares por onça (sujeitos à correção monetária anual de 1%, a partir de 1º de janeiro de 2019) ou o preço de mercado prevalecente, o que for menor no âmbito do acordo.
Há ainda a possibilidade de a Vale receber pagamento adicional se expandir a capacidade de processamento dos minérios de cobre de Salobo para mais de 28 milhões de toneladas por ano antes de 2036. O valor pode variar de 113 milhões de dólares a 953 milhões, dependendo do teor do minério, do prazo e do tamanho da expansão.
EMPREGOS
Hoje, no Brasil, 61 municípios produzem ouro. As localidades mineiras de Paracatu e Sabará, que já movimentaram este ano respectivamente R$ 1,11 bilhão e R$ 717,45 milhões, são as maiores produtoras nacionais, ao lado da paraense Itaituba, que movimentou R$ 636,19 milhões. Na indústria extrativa do metal, estão empregados cerca de 7.200 trabalhadores, conforme a Revista Minérios, e efetivo estimado em 180 engenheiros de minas. Além disso, 200 mil garimpeiros movimentam-se pelo país à procura de ouro.
Há uma pilha de 31.115 requerimentos diversos no DNPM, da pesquisa à lavra, de interessados em entrar para o ramo da exploração formal e legal do metal. Só no Pará são 15.039 processos, dos quais 10.808 estão no município de Itaituba, disparado o mais investigado do Brasil quando o assunto é ouro.
Para que os empregos na lavra do ouro sejam criados aqui no Pará, é preciso que os projetos saiam das sondagens e do papel e avancem para as etapas de instalação e operação. Não raramente, o caminho entre a pesquisa e a operação é longo e cheio de etapas espinhosas, notadamente por questões ambientais, que precisam ser respeitadas, até para a garantia da existência das gerações futuras.
Os diversos governos, em todas as suas esferas, e a mobilização da sociedade civil organizada são basilares para a discussão da viabilidade dos projetos e, principalmente, se viáveis, para que estes vinguem e promovam desenvolvimento econômico.
No caso dos projjetos de mineração, contudo, é preciso que todos jamais se esqueçam de que os recursos de que se valem, os bens minerais, são esgotáveis. Por isso, para além de os gestores públicos focarem apenas nas compensações e impostos recebidos durante a operação dos empreendimentos mineradores, precisam muito mais começar a planejar os municípios, investindo prioritariamente em capital humano, para o período pós-exaustão.
Dito isso, embarque com a Assopem e descubra os encantos dourados à espera de acontecer no maior levantamento já feito no Pará sobre projetos que ensaiam ganhar vida.
Para saber todos os 17 projetos de mineração que estão no berço, aqui no Pará, com proposta de instalação ou ampliação da capacidade existente, você pode consultar o “Diagnóstico da Profissão do Engenheiro de Minas no Pará”. (Fonte: Assopem)