Uma comunidade da etnia indígena Warao, da Venezuela, está sendo dizimada pela AIDS. Por causa da epidemia, todos os homens da tribo morreram e as mulheres que sobreviveram estão sendo isoladas. As informações foram divulgadas na última sexta-feira (12) pela BBC Brasil.
Cerca de 70 membros da mesma etnia chegaram em Belém em junho de 2017 e estão acampados no mercado Ver-o-Peso, no centro. Ali, passam o dia sob as árvores e à noite dormem sob as barracas fechadas. Há também 42 waraos em Santarém, onde estão em um espaço cedido pela Igreja Católica.
A reportagem da BBC ouviu o médico holandês Jacobus de Waard, do Instituto de Biomedicina da Universidade Central da Venezuela, que trata dos warao desde 1993. Segundo ele, os números são alarmantes. “Há uma prevalência de 10% de infectados em algumas comunidades. Nas pequenas, quase todos os homens entre 16 e 23 anos têm HIV”, afirmou.
Estes números mostram a existência de uma epidemia da doença na comunidade, uma vez que estão acima dos valores de 0,6% registrados em toda a Venezuela, segundo a Onusida, organismo das Nações Unidas cujo objetivo é controlar a propagação da doença.
O senso de 2011, realizado na comunidade warao, mostrou que havia 50 mil pessoas dessa etnia e 10% de pessoas hoje infectadas representa efeitos devastadores para o grupo.
MORTE RÁPIDA
A reportagem apurou ainda que o tipo de HIV que está presente na comunidade warao é incomum na América Latina e tem por peculiaridade desenvolver uma morte rápida entre os infectados, dando expectativa de vida em torno de dois anos.
“A maioria das infecções por HIV começam como um tipo viral chamado R5 e, à medida que a doença avança, o vírus se transforma em X4. Essa variante é muito mais agressiva, porque leva a um estado de deficiência imunológica mais rapidamente”, explica Héctor Rangel, biólogo que participou da pesquisa.
O problema ainda fica mais preocupante quando se observa a carência na distribuição de medicamentos na Venezuela. Faltam medicamentos para tratar a doença e material para detectar o vírus.
PARÁ
A respeito da presença dos waraos em terras paraense, o DOL solicitou nota à Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) para saber se algo está sendo feito no sentido de preservar a saúde dos indígenas e se houve uma triagem sobre a doença.
(DOL com informações da BBC)